quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Onde estará a chinezinha?


Era um casalzinho lindo, o chinezinho e a chinezinha. Bonecos pequeninos de plástico, tão mimosos! Os olhinhos puxados abrindo e fechando ao serem movimentados, braços e pernas articulados, roupa típica chinesa.


Entre os anos 1970 e 1980, minha avó tinha um bazar em Catanduva,  interior de São Paulo. Muitas compras para revender no bazar eram feitas por intermédio de  caixeiros-visitantes. Naquela época, sem internet, a visita do caixeiro-viajante era sempre uma sensação,  pois trazia muitas novidades.

Um dia, um deles  apareceu com esse  casal de chinesinhos. Eram certamente importados. Naquela época, significava que custava mais, as importações eram difíceis. Minha avó os colocou lado a lado na vitrine, todo mundo admirava, mas ninguém comprava. Eu era pequena e adorava os bonequinhos, torcia para ninguém comprar...

Certo dia, porém,  veio uma senhora e convenceu minha avó a vender só a chinesinha. Eu fiquei triste, mas sabia que um dia iria acontecer. Restou, no expositor, somente o chinesinho, solitário. Nunca foi vendido.

Vários anos depois minha avó se aposentou, fechou a loja, vendeu o que foi possível e guardou algumas coisas. E me  perguntou se eu queria o bonequinho. Só então ela soube o tanto que eu queria que ela não tivesse vendido a bonequinha. Perguntou o por quê de eu não ter falado que queria...

Muito tempo depois, antes de falecer,  ela disse lamentar esse episódio. Eu garanti a ela estar feliz com a recordação do chinesinho que restou.. .E que o guardaria sempre com carinho.

De vez em quando, entretanto, fico a pensar: com quem será que está a chinesinha? Será que ainda existe, será que foi bem guardada?